Mercado de freelancer
será um dos temas discutidos na quinta edição do Controversas
MÁRIO CAJÉ
Muitos jornalistas vivenciam uma dúvida cruel: escolher entre
o emprego fixo, muitas vezes mal remunerado, e a adrenalina de garantir o sustento
com trabalhos temporários, que têm potencial de gerar uma renda bem mais
atraente. Trata-se de uma encruzilhada sem fórmula pronta.
A próxima edição do Controversas pretende ajudar a esclarecer os ônus e bônus de uma escolha tão importante.“O mercado freelancer” será uma das mesas de debate do evento. Participarão dela Cezar Faccioli (que já fez freelas para veículos como o jornal Brasil Econômico, a revista Exame e a Petrobras), Flávia Tavares (assessora especializada em grandes eventos), Carlos Vasconcelos (ex-assessor da Petrobras, ex-repórter do JB e atual colaborador do Valor Econômico) e André Arruda (ex-JB e jornal O Globo). Será a primeira mesa do último dia do evento, 6 de março.
Há uma série de portais na internet que oferecem
oportunidades de trabalhos de curta duração. Um exemplo é o portal Prolancer, específico para a área de
comunicação. Para o professor da UFF João Batista de Abreu, há quatro tipos
principais de freelas, o que influencia diretamente o nível de seletividade
diante dos projetos oferecidos. Abreu, que tem vasta experiência em
projetos temporários, acha que apenas profissionais de uma dessas categorias são freelancers por opção.
“O primeiro
grupo reúne profissionais que estão temporariamente desempregados e precisam
pagar as contas até se realocarem no mercado. Outro tipo é quem tem um trabalho
fixo, mas que precisa ou quer complementar a renda. Nesse caso, os trabalhos
temporários não são a principal fonte de renda. O terceiro exemplo é o de quem
está começando. Geralmente são recém-formados que fazem o que aparece como
oferta de trabalho. Ainda há uma quarta categoria: o freela especializado, que
cobre um tipo específico de assunto e geralmente tem clientes certos, boas
fontes, muita experiência, alta credibilidade e reconhecida capacidade de
análise. Desses quatro perfis, talvez o único que possa ser caracterizado como
uma opção profissional seja o último. Só que se especializar cedo demais pode
ser perigoso porque fazer um nome no mercado que permita esse nível de
seletividade leva tempo”.
Para quem
pensa em seguir por esse caminho, é preciso ter em mente os pontos positivos e
negativos para que a decisão seja o mais consciente possível. Uma das vantagens
é a possibilidade de negociar a remuneração, além do dinamismo e a menor
dependência de processos hierárquicos. Mas o atrativo mais interessante, na
opinião do professor, é a liberdade, que precisa estar vinculada a uma
disciplina na organização do tempo. “Não destaco tanto a liberdade do texto,
porque tudo estará, em última instância, condicionado ao cliente. Existe um
discurso ilusório de que freelancer
não tem patrão. Como você precisa fazer matérias sobre vários assuntos para ter
uma renda razoável, é como se você tivesse vários patrões. Mas conseguir ser
dono do seu tempo é o que mais atrai, só que é preciso ter muito cuidado: o
freela geralmente trabalha em casa, onde há uma série de atrativos que podem
conduzir à dispersão”.
Além disso,
quem optar por essa independência, tem que estar ciente de que não terá
garantias trabalhistas, como férias, 13º salário, licença-maternidade, Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e previdência. Por isso, além de
administrar bem o tempo, o profissional também precisa gerir bem suas finanças
para ter recursos disponíveis em caso de uma doença e para não se desesperar
quando o vigor já não for o mesmo.
O desequilíbrio
entre oferta e demanda, realidade do mercado de jornalismo, faz com que ser freelancer se torne uma tendência
profissional. Apesar de não ser o caminho adequado para todos, essa pode ser
uma solução viável para quem é organizado e dinâmico. O que mais preocupa o
professor João Batista, no entanto, é outra forma de prestação de serviços, que
se torna cada vez mais comum na área. “O que é mais aterrorizante é a figura do
jornalista PJ (pessoa jurídica), que é uma forma de chantagem porque a empresa
exige horários rígidos e compromissos profissionais típicos de quem tem
carteira assinada sem dar a contrapartida”, conclui.
Mas isso já é
assunto para outro Controversas. A conferir.
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