segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Limites da Reportagem Investigativa serão debatidos no Controversas

Mesa abre o primeiro dia do evento

CARINA LAMONATO

Perseguir suspeitos, desarmar esquemas, ficar cara a cara com bandidos. Detetives? Não. Jornalistas investigativos. Este ano, o Controversas traz para a mesa de discussões alguns desses profissionais que enfrentam de perto os perigos de uma das categorias mais excitantes do jornalismo.


Profissionais mais conservadores consideram que a denominação “Jornalismo Investigativo” é redundante, pois investigar é uma das premissas do ofício. Com esse pensamento posto de lado, o fato é que as reportagens investigativas demandam uma dedicação especial dos repórteres envolvidos.

Um exemplo desse tipo de esforço pode ser visto em “Os homens de bens da Assembleia Legislativa”, série de reportagens vencedora do Prêmio Esso em 2004, feita pelo convidado Alan Gripp em parceria com outros seis jornalistas. Os repórteres analisaram 800 folhas de documentos sobre os bens acumulados pelos deputados estaduais do Rio de Janeiro em duas legislaturas (1996 a 2001).

Foram quatro meses de análise dos documentos, pesquisas nos sites oficiais das entidades e entrevistas com envolvidos, para que os repórteres conseguissem concluir a análise da evolução patrimonial dos parlamentares e comprovar que 27 deputados tinham aumentado o patrimônio em mais de cem por cento. Tanto tempo investido foi recompensado com a investigação realizada pela Receita Federal após a divulgação das reportagens.

Em outros casos, o repórter tem que estar inserido no caso para investigar com clareza. Assim fez Francisco Regueira, outro convidado da mesa sobre o tema. Regueira passou três meses como taxista legalizado na cidade do Rio para investigar as máfias de taxistas ilegais e milicianos. A reportagem rendeu ao repórter o prêmio nacional de jornalismo da Confederação Nacional dos Transportes e uma temporada
fora da cidade por conta das ameaças que recebeu. Mazelas da profissão.

Mas algumas reportagens podem trazer consequências ainda mais cruéis para os jornalistas. Tim Lopes, produtor da TV Globo, foi assassinado em 2002, no baile funk onde estava para registrar imagens que ilustrariam uma reportagem sobre o tráfico no Complexo do Alemão.

Em 2008, repórteres do Jornal O Dia que moraram na favela do Batan para investigar a atuação das milícias foram sequestrados, torturados e abandonados na avenida Brasil. Tanto a repórter quanto o fotógrafo deixaram o Rio de Janeiro por não se sentirem mais seguros no Estado.

Casos como esses levam à reflexões sobre um limite para a Reportagem Investigativa, já que a linha entre o furo jornalístico e a segurança é um limite tênue, muitas vezes ignorado.

Até que ponto vale arriscar a vida por uma notícia? Leve sua opinião para o Controversas e discuta com os palestrantes convidados.

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