quarta-feira, 6 de março de 2013

Convidados ressaltam importância do simples em debate sobre literatura no jornalismo

Participantes do segundo dia de Controversas falam sobre a importância da apuração e da simplicidade nos textos
 
DANIELE BARBOSA





 O simples é mais. Esta foi a ideia compartilhada entre todos os convidados da mesa “Jornalismo e Literatura”, de mais um dia de “Controversas”. Plínio Fraga, até recentemente repórter do Segundo Caderno do jornal O Globo, abriu a noite contando que “penou” até entender que o objetivo e direto, em alguns momentos, são insubstituíveis. A apuração incansável, que também foi ressaltada por Fraga, está entre os itens essenciais para uma boa matéria para Mariana Filgueiras, repórter da revista O Globo, e Isabel Clemente, editora da Revista Época.

 Fraga começou o debate falando sobre a importância da informação. “Informação é poder”, afirmou. O jornalista lamentou o fato de, atualmente, muitos estudantes de jornalismo não lerem jornal e explicou que estar informado pode chamar a atenção do repórter para detalhes importantes de uma pauta.


 A necessidade de se conviver com um personagem para produzir um bom texto de perfil foi exaltada pelos três convidados. “Não adianta, em uma hora de conversa por telefone você não conhece a pessoa”, explicou Isabel Clemente.

 Isabel foi categórica: “Vai lá que você vai descobrir alguma coisa”, afirmou a respeito de pautas que algumas vezes são menosprezadas pelos repórteres. Para Mariana Filgueiras, é saindo nas ruas que se constroem boas histórias. Ela contou que o sucesso da matéria “P.S.: Eu te amo”, que teve cerca de 40 mil curtidas no Facebook, se deu porque não teve preguiça de ir ao local. Ela estava a noites praticamente sem dormir para fazer uma matéria sobre a noite jovem no Rio quando soube que, numa roda de leitura promovida por um sebo, seria devolvido um livro ao autor de uma dedicatória espetacular. Percebeu que a pauta era ótima e não titubeou. “Foi uma emoção ouvir a história de amor daquela dedicatória da boca daquele senhor. O fotógrafo e eu choramos horrores”, contou.
 
A passagem pelo chamado “hard news”, pela cobertura de notícias factuais, das editorias de Política, Cidade e Economia, foi um caminho percorrido por todos os participantes. Ambos falaram sobre a importância do furo, considerado por Isabel o que movimenta a máquina do jornalismo e dá credibilidade. Na opinião de Mariana Filgueiras, no jornalismo literário, o furo acontece quando você consegue enxergar uma boa história em um acontecimento aparentemente cotidiano.
 
O texto de qualidade é um dos principais atributos de uma boa reportagem. Segundo Isabel, não conseguir prender o leitor significa perdê-lo. Mariana contou que, ao escrever, pensa o tempo todo em formas de seduzir quem está lendo. Ao ser questionado sobre como faz para tornar um político interessante, Plínio Fraga disse acreditar que fazer um bom texto pode ser mais importante que ter um bom personagem. Para isso, ele está sempre atento ao comportamento do entrevistado durante a entrevista. 

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